A mostra "Cinema e Sociedade - Refúgios Possíveis" pretende investigar as relações de pertencimento e identidade com um lugar e seu povo.
Nesta terça, 24/10, às 19h30, o filme exibido será o francês "Dheepan - O Refúgio", vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2015. Dheepan, Yalini e a pequena Illayaal assumem identidades falsas para fugir do Sri Lanka, que está em guerra. Eles não se conhecem e, diante da iniciativa, precisam conviver como se fossem uma família verdadeira ao chegar na França. Sem conhecer a língua local, Dheepan consegue emprego como zelador em um condomínio de classe baixa, enquanto Yalini passa a trabalhar como empregada doméstica de um idoso com problemas de saúde.
(Foto / site: Meu Amigo Refugiado)
Em seguida, o refugiado sírio Talal Al-Tinawi participará de um bate-papo sobre as experiências pessoais e as relações de pertencimento com um lugar, no contexto dos conflitos geopolíticos atuais e da condição dos refugiados. Reflexões sobre a realidade de quem deixa seu território de origem e busca a adaptação, a integração e a inserção social em um novo local.
Engenheiro mecânico, Talal, de 42 anos, chegou ao Brasil em dezembro de 2013, juntamente com esposa e filhos, sem falar uma palavra em português. - “A guerra começou no meu país em 2011, na cidade de Daara, mas depois tomou toda a Síria. Em 2012, deixei Damasco, cidade onde morava, e fui ao Líbano com minha família para tirar um certificado da língua inglesa.Quando voltei de lá, ao chegar à fronteira, fui preso. O governo da Síria me pegou e me enviou à prisão porque meu nome era igual ao de uma pessoa procurada por eles. Fiquei preso por três meses e meio.Durante esse tempo, minha família não sabia muito bem o que tinha acontecido comigo. Eles não tinham informações. Não sabiam se eu tinha morrido ou se ainda estava vivo. Na prisão, conheci uma pessoa que me falou: ‘Se você sair daqui é melhor deixar a Síria. Viaje para outro país antes que o governo te prenda de novo’ - contou à Revista Exame em 2015*.
Ambas as atividades são gratuitas e os ingressos devem ser retirados na unidade do SESC Bauru a partir de uma hora antes da sessão.
*Revista Exame, por Rita Azevedo - 12 set 2015, 06h00 - https://exame.abril.com.br/brasil/so-volto-a-siria-para-visitar-diz-refugiado-no-brasil/